NOVEMBRO 2020 – Viagem 46 – Os KARRANCA

Diário de Bordo Viagem – Viagem 46!

OS KARRANCA!

Nessa viagem aconteceu um 4 em 1.
São dois eventos e duas viagens juntos.

Dia 1 – 18 de novembro de 2020Mangará
Primeiro ato, obrigatória visita ao restaurante Mangará, uma instituição Aracajuense.
O restaurante é tão absurdo, que na parte de salgado tem vários doces…

Dia 2 – 19 de novembro de 2020 – O mercado
Dia de Mercado Municipal de Aracaju, com todos seus ingredientes.
Recepção dos viajantes, rumo ao Velho Chico.

Dia 3 – 20 de novembro de 2020 – O treino
Treino nos cânions do Talhado, comandante Sergio pilotando o catamarã.
Com um nadador na pilotagem tudo fica mais fácil.

Um almoço “arregrado” no restaurante karrankas, fecha a primeira atividade do Festival.

Pela primeira vez o congresso técnico foi via whatzap.
Uma conversa na praça tirou as dúvidas de alguns nadadores iniciantes.

Dia 21 – 21 de novembro de 2020 – A Travessia
As 6 horas da manhã no porto, os amigos isaac e … mês esperavam para uma vistoria no percurso e demarcação dos percursos.
Apresentação de barqueiros e nadadores.
Largada. Como seriam os tempos, já que o rio estava muito cheio.
Quando fizemos a Travessia pela primeira vez estava 700 metros cúbicos por segundo,
agora está 2600.


Mudanças positivas, estava muito mais rápido e mais seguro.

O tempo foi absurdamente mais rápido que o ano anterior.
Em 2019 o Mestre Samir Barel fez 2h07m00s, o amigo Isaac, natural de Entremontes, fez 2h34m20s.

Esse ano, Isaac fez 1h36m17s.

Esse componente trás um toque especial a Travessia, tem que nadar muito e torcer por pela abertura das comportas…

Muito rapidamente todos chegam em Entremontes.

Voltamos ao Restaurante Angicos, além de almoçar, fizemos a premiação.

Voltamos com o Catamaram São Francisco com uma aula do comandante Célio.
A noite tudo é festa…

Dia 22 de novembro de 2020 – A despedida, o Remanso.

O galo do vizinho começa a cantoria as três e trinta e dois, o padeiro com uma moto 125 e uma delicada buzina de caminhão, passa as cinco, e volta, e volta…
Vivendo um dia a dia Piranhense.
No treino entre estados, todos os anos aparece alguém para conduzir, para desencantar, para pegar o vírus “ Natatorius Velhochiqueanus”.
Dessa vez não teve choro, mas o sorriso da Lulu, nas primeiras braçadas escoltada pelo cardume “festivasertãovaivirarmariano” o bicho já tinha feito o serviço…
Sim, não foi fácil, por mais curta a distância, estratégia teve que ser montada, chegamos em Sergipe, voltamos para Alagoas.

A dupla Jolenio e Bananinha, deixou o rio a vontade para conduzi-los para o melhor dos caminhos “correntosos”.
Parabéns Lulu, agora já está e não tem cura, só “riabaixiando” pra passar.

Uma tripla despedida, uma garraf’ale (garrafa que ganhei de presente da Alessandra) de agua gelada ficou em Piranhas para amenizar a secura da garganta sertaneja.
Foi “gentes” para os quatro cantos, obrigado POVO DAZAGUA…

Nosso pau de arara segue capitaneado por Danilo, conduzindo os não querentes de voltar, pra volta.

O povo que ficou, desce agora com mestre Hugo, contando belas histórias do Cangaço, como encontros de velhos, Cangaceiro e Volante, carregado de emoção.
A importância da derrubada das margens pela cheia do rio, para alimentar os peixes.
Histórias de pitus e peixes cada vez maiores, ufa, chegamos!

Chegamos ao á Fazenda Remanso capitaneada pela coroné Jack, no braço direito mestre Walter, sabe como ninguém onde é o mocó(cantinho) dos mocós(roedor).

A cada revoada de pássaros no Remanso, uma surpresa que fica pra quem se atirou Remanso a dentro. Os quitutes eram renovados a cada disparada das meninas da cozinha.

Mesmo um ambiente entre amigos e uma atmosfera favorável, tem seus tensos momentos,
quando uma tilapia frita inteira deitou-se no meu prato, a cobiça tomou conta daquele povo.
Eu era o único esfomeado, não almoçado, foi meu zero de constrangimento em comer um dos melhores sabores pescatótrios da vida…

Muitas histórias foram contadas, com destaque para as histórias dos cangaceiros, Reveza e Nazaré (melhor não procurar esses nomes nos livros de história).

 

Sim, foi uma hospedagem cinco chapéus de cangaceiro!

Dia 23 de novembro de 2020 – Remanso, o brilho e o Curralinho.
O amanhecer as cinco, calor, convida para um banho no Velho Chico remansado.

Seu bibi, mestre canoeiro, que veio na esperança de encontrar um lugar na armada descedera, nos contou algumas histórias entremontanas, entre elas a do seu Manoel, com setenta e tantos anos, tinha pavor do primeiro mergulho no “gelor” das aguas vintesetegralinas velhochiquianas.
Ele chamava “urmenino” e dizia:
– Venha cá, venha, me empurre!
A coragem faltava, mas a vontade sobrepujava.

As lavandeiras e a viuvinhas vinham fazer seus cantos e lamuriosos ao pé de nós, esgravetando as margens ricamente enlameadas do Chico.
De longe vi o belo chofreu, feliz que ele não sofreu dentro de uma gaiola sofrida.

O último ato remansista foi uma melancia cortada pelo método Damião Oliveira, meu avô, que todos os domingos ajuntava os netos para um deleite babatorio as margens da Lagoa da Conceição.
Uma formula magica que transforma todos os seres humanos em iguais, com prioridade para quem não teve a oportunidade de se atracar as primeiras “taiadas” da vida.

Partimos, o perigo de não partir, quase nos partiu!
MUITO OBRIGADO CORONÉ JACK, PAROANO JÁ SABE NÉ….

Os barqueiros, escolhidos a remo, nos deixaram em Entremontes, sim, nem um metro a menos que a chegada dos 12 km, Lampeãovolantinos do dia 21 de novembro de 2020.
Manda chamar seu Bibi, ele merece nos seguir pela madrugada de boa intenção.
Estavam pilotando os remos, Cicero, Bibi, Nir, Leandro (estrando esse nome), Pipi, Ronalso e o mais famoso deles, Mestre Zé do Oro!

Partimos a volante natatória parte rumo ao desconhecido.
Na agua estavam Mestre Victor, Norton, Ana Paula, Leandro Karranca, dividindo uma canoa, Lombardi e Mestre Assis, também estavam no barco os cangaceiros com os codinomes de Bananinha e Jolenio, eu acho muito desagradável isso de colocar apelido nas pessoas…

Tudo começa calmo, “enganadamente” calmo.
Uma bela estreitada “prediatrica” acelera os reflexos escamados do Chico, deixando Entremontes entremontes, destravando Cajueiro na margem sergipana.
Pulamos n’agua, eu e a Renatinha, batismo dela nas “descentes”, libertadoras e espetaculares aguas do Velho Chico.

Três meninas acanoadas também não resistiram a uma descida “aboiadas”.

– PRONTO! Chegou Curralinho, mas já?
Repetindo o mesmo tempo levado de Piranhas a Entremontes, “incrivi”.
Sim, os nove habitantes de Curralinho, nos esperavam com um misto de surpresa e satisfação, a primeira vez depois do bando de Lampião que alguém chega nadando a rala e bela Curralinho que parece ter brotado de páginas do Mestre Ariano Suassuna.
A embaixadora de Curralinho no mundo, Monica, nos recebeu com honras de estado.

Ana Paula chegou dizendo:
– É pra gente grande, fazendo referência as marolas que em determinado trecho, passava por arriba da cabeça.

 

Curralinho a algum tempo foi invadida por um bando, destruindo a único pouso, morcegos!
Um pau de arara “mordeno” nos conduziu pelo Poço Redondo para comer bode.
Depois de bodeados, seguimos rumo ao desconhecido, uma hospedagem surpresa que somente os pioneiros saboreiam, já dizia Mestre Osni.

Um motim estava sendo formado, a líder do bando, prefiro não citar nomes, só posso dizer que um z atravessado no lugar do s, trazia “os pobrema”.
Sim, terrível, o motim, me obrigaria a levar todos de volta ao remanso, ao invés de onde chegaríamos.
Quando o bando estava quase me xingando, chega o Xingó!
O motim desceu pelo vertedouro…

O fim do dia, da tarde, foi trilhar a trilha da caatinga com a cangaceira Jajá, até um embriague de visual na beira do penhasco talhado no Cânion do Talhado.

Dia 24 de novembro de 2020 – Escapar de Curralinho, foguete na Ilha do Ferro.
Volta para Currlainho, dessa vez a população dobrou.
A Professora Mônica, com seus livros, nos aguardava para se dedicar ao oficio.
Ela deu sorte, Nhonho, nosso motorista, que foi pra São Paulo com 18 anos, com poucos quilos na carcaça, casou pouco com uma prima, hoje tem netos “geminhos”.
Na volta para a Caatinga, trouxe o peso da imigração.
– Parece o Nhonho do Chaves!!!
Agora é nome de guerra e marketing.
Lhe deu carona até Poço Redondo.

Novos barqueiros, novas experiências.
Um dos quartos barqueiros apareceu com um barco sem motor, preferi deixar esse barco, e o remador foi em outro barco.
Demora até os barqueiros iniciantes entenderem a função, basicamente ficar do lado ou a frente de quem está nadando, com paradas para hidratação.
Os ribeirinhos logo se ajustam e aprendem o oficio.
Um deles teve dificuldade de ser orientado por uma acompanhante, um resquício de uma sociedade onde os homens tinham o domínio das atividades do mar…

Marolas eram tão incomuns que o Pipi não sabia como elas se formavam..
Nos despedimos de Pipi e Buiú, finalmente o nome estranho de Leandro, foi abandonado…
Eles voltam definitivamente a Entremontes.

Chegamos com foguetório na Ilha do Ferro, que não é uma ilha e não tem ferro, sim duas mentiras e muitas verdades.
Sim, a primeira vez que chegam nadantes rioacimados.
Uma terra de gente sorridente, hospitaleira e de arte emadeirada mundialmente conhecida.
Almoço na casa dos sorrisos Vaneiras (Dona Vana), abriam os trabalhos ilhaferrinos.
Uma janela aberta, era ateliê de Mestre Antônio, Karrancas arriba da mesa, ele proibiu a entrada, motivos a serem desvendados em breve.
Em quatro morada paramos, na Dantesca casa do Dantas, exclusividade, arte e bom gosto para o casal.

Na casa de Maria, nos mariamos com tamanha vista colirica, Alex comandou a casa.
Todos ficaram musealojados, com estatuas e cadeiras de tão linda lindeza.

Aberaldamente, Marianamente, Vanamente a casa que nos trazia a força do alimento sertanejo e o pouso sorridente.

 

Finalmente a casa do galo, simples mas aconchegante, em processo de artização, recebeu uma viajantes brasiliana.

Duas cenas inusitadas na Ilha do Ferro, uma engraçada, dois adolescentes carregando duas ovelhas em uma moto.

A outra, de cortar o coração, dois gatinhos filhote tem um gato macho como mãe, eles fazem de conta que mamam na barriga do gato.

Já forrados, seguimos para uma visita aos vários artistas.
Entrar na casa das pessoas, é comum na Ilha do Ferro, quase todos são arteiros.

Dedé tinha a cabeça feita como nome do seu ateliê, comprador de barcos velhos, eu sugeri que o nome fosse Pedaço de Barco, fiz a  cabeça do Dedé, mudou na hora!
Belas peças saem da Ilha do Ferro para o mundo.

Na janta uma descoberta, a Caatinga tem uma “piurla azule”, a Poincinella Microphylla, a Catingueirinha Rasteirinha, segundo dona Vana, levanta até…
A partir dessa informação, alguns viajantes começaram uma busca desenfreada por referido pau…

Dia 25 de novembro de 2020 – Da Ilha pra Glória do Pão.
Novos barqueiros novas experiências, de longe o cristo do pão nos espiava…
Na partida uma confusão, o remo era pesadão e com um furo no meio.
Era o único, remar ou sentar eis a questão.

Sim, perto do fiz faz a canseira se transforma, só descida rumo ao fim.
Aguas cristalinas de Pão de Açúcar nos injetaram uma agua com açúcar de tranquilidade, paz, alegria e satisfação.
Emocionante ver um projeto teórico ser ter um absoluto êxito na pratica.
Belinha, cangaceira Riograndina, mostrou a força da mulher , remou o Velho Chico como gente grande…

Eles não sabiam, mas o motivo de estarem proibidos de entrar na casa de Antônio, seria revelado agora.
O troféu é uma karranca esculpida na Ilha do ferro por Mestre Antônio.
Todos receberam a carranca para espantar as malaguas”.
Batismo nazaguas, nasce Lelê karranca!

MUITO OBRIGADO POVO DAZAGUA.

Obrigado a todos que trouxeram seus pingos dagua para que os quarto viajantes natatorios chegassem ao final da jornada.

Parabéns a  Norton, Victor, Ana Paula e Leandro os primeiros nomes da lista
QUARENTINA VELHOCHIQUIANA…

OS PRIMEIROS DESCEDORES!!!

Cortamos o Sertão pela última vez, até a próxima vez.
Nosso simpático e eficiente motorista o Capela, nos amparou e conduziu com a tranquilidade e paz de uma capela.
Um belo presente recebi do bando para não mais esquecer tantos belos momentos.

O grupo se dividiu, um famoso cangaceiro de nome Fogoió foi visto em um arrastapé com quatro das preferidas, outro bando invadiu mais uma vez o Mangará para saborear o último  banquete nordestino.

Dia 26 de novembro de 2020 – A volta…
A rapa do taxo, uma prainha caranguejeira…

MUITO OBRIGADO

Me permitam destacar alguns viajantes:
Alex, com a sabedoria dos seus 4 anos, foi o mascote e a alegria do grupo.
Valcira, a emoção da descoberta do novo mundo.
Bento, 1 ano e muitos meses, sorrindo e descendo o rio com a mãe, vendo o pai voar nadando.
Danilo que veio homenagear a ancestralidade, lavando a alma no Velho Chico.
Lulu, podemos presenciar o exato momento da conversão para nossa “religião”.
Renatinha pela coragem, ACREDITA!!!!

 

1 – Leandro – Niterói – RJ
2 – Marcos – Floripa – SC
3 – Elaine – Floripa – SC
4 – Norton – Curitiba – PR
5 – Bete – Curitiba – PR
6 – Lais – Porto Alegre – RS
7 – Andria – Curitiba – PR
8 – Marcelo – Curitiba – PR
9 – Alessandra – São Paulo – SP 
10 – Erika S – São Paulo – SP
11 – Ana Paula – Brasília – DF
12 – Izabel – Floripa – SC
13 – Raquel – Niterói – RJ
14 – Andréa – São Paulo – SP
15 – Georgina – São Paulo – SP
16 – Deise – Brasília – DF
17 – Paula – BH – MG
18 – Assis – Fortaleza – CE
19 – Neusa – Porto Alegre – RS
20 – Lombardi – Schroeder – SC
21 – Renata – Curitiba – PR
22 – Anderson – Curitiba – PR
23 – Alex – Curitiba – PR
24 – Valcira – Blumenau – SC
25 – Ana  – Piçarras – SC
26 – Douglas – Piçarras – SC
27 – Ceres – Joinville – SC
28 – Victor – BH – MG
29 – José Tomaz – BH – MG
30 – Luciana M- BH – MG
31 – Luciana B – BH – MG
32 – Viviane – Jacarei – SP
33 – Bento – Jacarei – SP
34 – Luis – Jacarei – SP
35 – Danilo – São Paulo – SP
36 – Andrea – São Paulo – SP

 

OCHI!

PRONTO!

NA HORA!!!

PAROANO MIÓ!

 

Um abraço

Marcos Pinheiro