FEVEREIRO 2021 – OS TARTARGA ALBINA

VIAGEM 47 TRAVESSIAS PELO MUNDO

 

OS TARTARGA ALBINA – O trem de minas rumo a vitória

 

                          

Dia 1 – 23 de fevereiro (terça) – O poderoso pum e mitocôndrias felizes.
As 12 horas todos os viajantes a bordo, rumo a Capitólio.
Uma breve parada em Belo Horizonte para deixar uma encomenda para os amigos Marta e Victor, no exato momento que mudamos a direção do carro, PUMM!!!!
Um barulho muito alto, bem próximo a nosso carro, lembrei na hora do estouro do canhão na fortaleza La Cabaña, em Havana, durante minha primeira viagem em maio de 2007.
Um sustinho desse acorda as mitocôndrias!

Depois de um logo ali, chegamos a cidade de Formiga, um pequeno restaurante na beira da estrada com a comida no fogão a lenha, abre os trabalhos da espetacular comida mineira.
Os primeiros contatos com o idioma mineires são engraçados, algumas pessoas temos que prestar muita atenção para poder perceber que estamos falando o mesmo idioma.
Uma pergunta bem simples como, que bolo é esse…
A resposta igualmente simples, bolo da caçarola.
A forma como é dito é que está o segredo mineiro, não foi na primeira vez que pude entender.
Ah! O sabor, esse bem fácil de “besorve”, delicia.

A próxima parada não muito distante, café dos Motoristas, famosa parada.
Pão de queijo recheado com linguiça e requeijão que em minas gerais parece mais um queijo, era a pedida da vez, uma bomba de sabor, e gordura, claro!

Uma pousada bem nova em Capitólio seria nossa morada por três dias.

Piscina e sauna foram nossos programas que mais uma vez deixavam felizes as mitocôndrias de acordo com uma colega de viagem, expert em mitocôndria.

Dia 2 – 24 de fevereiro (quarta) –  O trem da cachoeira.
Uma represa muda a vida de todos, sim muitos danos ambientais, mas, inegáveis as oportunidades que surgem, principalmente em relação a turismo e lazer.
A localidade de Turvo, a 30 minutos do centro de capitólio, tem uma mega estrutura, contamos mais de 50 lanchas que fazem passeios pela represa.
Optamos pelo passeio de 3 horas, porque 7 horas em um barco tem que ser um motivo muiiiito especial, que não era o caso.
Dois tripulantes conduziram a bela lancha por recantos “represarios”.

A maior das atrações uma cachoeira que cai na agua, a lancha vai até embaixo molhando os sentimentos turísticos represados por tanto tempo em casa!
Uma parada na lagoa azul que é verde para banho, com um bar flutuante também agrada os selfeiros…

Triste é ver muito plástico boiando, nos recolhemos uma quantidade boa, incluindo uma máscara de um porcalhão….
Uma parada fora de rota agradou a todos, o inquieto viajante Valdinei descobriu uma pequena cachoeira de água quente, aquecida pelo sol do Mar de Minas…
O almoço foi traíra sem trairagem, sempre acompanhada de feijão tropeiro para a tropa.

Dia 3 – 25 de fevereiro (quinta) – A descoberta de uma espécie rara…
Após o excelente café da manhã na pousada, a simpática recepcionista chamada Raquel nos disse que a mais bela das cachoeiras fica no Recando Viking.
Os nativos sempre sabem os melhores “mocós”.

O recando viking, não era só o nome, era a terra de um simpático dinamarquês chamado Bent.
Um autêntico viking perdido ou achado no meio do Serrado das Minas Gerais.
Veio trabalhar, foi fisgado pelo requeijão de uma mineira.

 

A pequena sereia, sim uma réplica mineira da famosa estatua dinamarquesa com o “zoin” pequeno e uma barriga sobressalente, cuidava de uma das cachoeiras.

Quando chegamos, quatro pessoas passavam, mas logo saíram.
A cachoeira e a sereia, seriam, será só nossa!
Agua de 23 graus nos deixou refrescado e claro, as mitocôndrias vibrando.
Uma tartaruguinha albina foi avistada, uma espécie rara, nunca catalogada na fauna viajante!
Espero que biólogos mineiros não venham me perguntar como ela era, eu teria que contar…

Da pequena sereia fomos para o patinho feio, ops!
Algo tinha que existir em comum.
Sim o mais famoso escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, era o elo, autor dos clássicos da literatura infantil, era a inspiração do simpático Bent, em minas o Bentin, para nomear suas cachoeiras.
Descemos até o fundo do pequeno canion, um belo lago e uma cachoeira forte e larga nos presenteava com a solidão da preguiça dos demais viajantes não vindos.

Sim, era só nossa.

Um espetáculo de beleza a satisfação, todos felizes e claro as mitocôndrias que não cabiam dentro da célula…

 

Mais uma deliciosa comida mineira…

Na volta para Capitólio, uma breve parada no centro da cidade, mercado fechado, mas a moça abriu para eu entrar, motivo do fechamento, passaria um enterro…

Ultimas suadas na sauna, despedida…
Como diz o francês é bom suar…
https://www.youtube.com/watch?v=VVcuy-0uTrE

Dia 4 – 26 de fevereiro (sexta) – Adrenalina alcoólica
No retorno de passagem por Belo Horizonte, começamos a perceber fila nos postos, greve de transportadores de combustíveis.
A medida que nos aproximávamos da Serra do Cipó, o combustível descia a serra.
O carro entra na reserva, operação economia, pisando leve no acelerador.
Perdemos a entrada da estrada rural que levaria para a pousada, nada é por acaso, acabamos na vila. A fila no único posto estava longa. Decidi por colocar 6 litros de álcool de cozinha no carro, para chegar até a pousada.

Lembrou um episódio no México em 2011.

Deixei os viajantes no sossego do recando da pousada Recanto do Sossego.
Voltei ao posto de combustível. Não mais de 50 minutos eu estava com tanque cheio fui um dos últimos a me embriagar com o auto-álcool da Serra do Cipó.
Narciso nos preparou uma comidinha de rei, gosto de casa da vó!



Dia 5 – 27 de fevereiro (sábado) – A farofa mágica.

 

Sem programação definida, fomos para o parque Serra do Cipó, quatro de nós alugamos uma bicicleta sem saber o que nos esperava, as outras duas foram secretamente em busca da tartaruguinha albina em uma cachoeira perdida…
No começo do percurso de bike, areia, ilusão…
A estrada estava completamente alagada, em alguns trechos agua até a metade da bicicleta.

Com muito esforço e muita satisfação chegamos ao rio, atravessamos com agua pela cintura.
Mais uma caminhada, passamos por uma floresta de baobá mineiro, uma bela arvore que não sei o nome, apelidei pela semelhança com a famosa arvore africana.

Chegamos próximo a boca no canion das andorinhas….
Como na vida, a trajetória era mais importante que o início ou o fim.

Voltamos até a bifurcação da cachoeira da Fumaça, sim vamos.
O rio com profundidade de três metros complicava a travessia, mas por não ter onde deixar documentos e celulares, o destemido e incansável Valdinei, atravessou o rio com a bike, que boiava com os pneus cheios, eu e Assis, ficamos esperando.
Um casal atravessou o rio por uma ponte, como assim…
Nas nossas barbas, uma ponte submersa a poucos passos de nós.
Deixamos as bikes e atravessamos tranquilamente.
Seguimos para tentar chegar o mais perto possível da cachoeira.
Atravessamos e chegamos no lago da queda principal, a maior e mais bela cachoeira que eu vi na vida, o vento e a chuva com céu azul, provocados pela queda no lago impressionavam.
Sim, vamos entrar, um ensurdecedor barulho do silencio da cachoeira nos embriagava de energia, entramos embaixo, o que é prometido não estava lá embaixo…
Mas, quis o destino que os dois maiores viajantes do Travessias Pelo Mundo, Valdinei com 19 e Assis com 16 viagens, estivessem nesse momento único, energia pura!
Faltou o parceiro Osni, pioneiro, para a formação do quarteto dos 7 mares.
Obrigado a todos os viajantes que durante essas 47 viagens, 14 anos, cruzamos o mundo!

A volta pesou, mas isso pouco importa, era obrigatório!
A conquista já estava conquistada…
Chegamos, sem antes deixar nossas marcas no chão, corpo, alma e coração.
Moídos, sujos e a alma lavada e enxaguada pelas cusparadas respingativas do templo farofiano.

Almoço na vila, restaurante do marquinho, indicado pela frentista que me serviu com seu mel alcoólico, dia anterior.
Um atendimento péssimo, família de mau humorados, carrancudos, comida deliciosa.
Muito melhor do que se fosse ao contrário…

Um “violento” torneio de tranca (jogo de cartas semelhante a canastra), terminou nossa noite madrugada adentro…

Dia 6 – 28 de fevereiro (domingo) – Arroz de pato no Castelo dos Borges
O colega Valdinei deu um palpite, essa greve era uma jogada dos postos de combustível para vender mais.
Isso não poderia ser verdade…

O mercado central de Beozonte é parada obrigatória, infelizmente o Boteco do Mané Doido estava fechado, perdemos o melhor feijão tropeiro de minas.
Um prato pequeno, que era gigante por 12 reais no Ponto das Empadas, “arresorveu o pobrema”.

Na volta da entrega do carro alugado, o motorista que nos trouxe disse que o pai dele tinha transporte de combustíveis, essa greve foi fake, uma armação para os postos terminarem o mês de fevereiro com faturamento em alta…
Eu não quero acreditar nisso….
Como explicar para um alemão….?

Um jantar surpresa, chegamos lá no Castelo dos Borges fomos recebidos como reis e rainhas.
Os amigos viajantes Marta, Victor e Luciana, já conhecidos de outras viagens, acompanhandos da amiga Jana,  nos deixaram muito à vontade, no calor de uma fogueira regado a vinho e arroz de pato.
Muito obrigado, tentaremos retribuir a altura, tarefa difícil.

 

 

Dia 7 – 1 de março (segunda) – FUGA PARA VITÓRIA
Para quem tem menos de 40 anos, Fuga para Vitória é o título de um filme que tem como atores,
Pelé, Silvester Stalone e Michael Caine, vale a pena ver.
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-3479/

As 7h15 estávamos na estação de trem para fazer a única viagem de trem de passageiros diária no Brasil.
Exatamente 7h30 decola sem sair dos trilhos o comboio de vagões rumo a Vitória do Santo Espirito.
Valeu a experiência, mais uma para o currículo viajante.

Sugiro a quem for fazer essa viagem, fazer somente a metade do percurso, Belo Horizonte até Governador Valadares ou de Vitória a Valadares, a viagem completa é muito longa e cansativa.
Sim, tínhamos que ter feito.
O trem da vale, seguro…
Finalmente Vitória.

Dia 8 – 2 de março (terça) – A chegada e as partidas…
Léia, primeira dama da lotação, chega, busco a musa no VIX…
O café, ultimo para todos e o primeiro para a Léia.
Passagem na terceira ponte e a sagrada visita ao Convento da Penha,
o céu azul, contrastou e favoreceu as belas imagens.

Um pedido de um viajante foi atendido, que nos rezássemos por ele, porque eram tantos os pecados, que ele não dava conta de rezar sozinho…

Uma moqueca capixaba fechou nossa visita a Espirito Santo.

Um grupo pequeno, mas muiiito compacto, compactuou aventuras muito compactadas que não me compacta compartilhar aqui, nem sobre tortura compactada…

Muito obrigado os viajantes, o desfile ficou pra próxima viagem…

Até breve.

 

PUMMMMMMMMMMMMMMMM!!!!

Marcos Pinheiro