AGOSTO 2018 – Travessia no Velho Chico + Aracaju + Muitas emoções (35ª VIAGEM)

Diário de Bordo – Travessia no Velho Chico + Aracaju + Muitas Emoções

Nossa viagem numero 35, essa é a unica viagem que nós temos um evento também!

Começamos dia 13 de agosto, eu a Léia voamos de Floripa para Aracaju, alugamos um carro e descemos a linha verde,
que liga Sergipe ao litoral norte da Bahia.
Nossa casa foi a pousada da Alda em Subauma, nos sentimos em casa, não perdemos o Caldo de Sururu, iguaria da região.
Sair da friaca do sul do Brasil chegar no litoral baiano, tempo e água quente, é sonho!!!

Dia 14 seguimos para Piranhas.
Essa nossa chegada antes é importante para acertar últimos detalhes.
Ficamos hospedados na Pousada Solar dos Rodrigues, da família da amiga Jaque.
Local aconchegante, com a melhor vista de Piranhas do Velho Chico, um café da manha nordestino chic, delicioso  e
com a oportunidade de escutar historias do cangaço e de Piranhas contadas divinamente pelo Mestre Celso Rodrigues.

Dia 15, tudo acertado, com o Anselmo no Karrancas, almoçamos no excelente Restaurante Coiteiros, do Chef Bode Roko.
Léia e Jaque, andaram pelos lados de Olho dgua do Casado…

Dia 16/08 – quinta feira
Eu e a Léia nos dividimos, ela foi para Entremontes, alinhavar com a Marlene e as bordadeiras, também buscar os troféus com o Breno,
jovem construtor naval que confeccionou os troféus, um projeto meu e do Manoel, outro artesão de Piranhas, com a participação do Bode Roko.
Eu segui viagem para Aracaju, logo na saída de Canindé de São Francisco, a jovem Amanda pedia carona, comum na região, já que não existem ônibus.
Ela, apavorada, estava indo para a cidade de Glória, fazer teste no detran para sua primeira habilitação.
Reclamou muito do instrutor e da auto escola, alias, o instrutor passou com o caro da escola, cometendo erros no transito,
esses são os que estão formando nossos futuros motoristas!!!
Pude colaborar, dando algumas instruções, acredito que ela tenha ficado mais confiante!!
Deixei a moça em Gloria, fico aqui com a curiosidade, se ela passou ou não no teste!!??

Os viajantes começam a chegar as 11h, Ana, de Porto Alegre, foi a primeira.
Primeiro encontro com a Turma do Samir, no aeroporto.
Logo chegaram Renata de São Paulo e Luciana de Campinas, fomos os 4 comer feijão com arroz em um boteco perto do aeroporto.
Com Claudio, Rosemary, Jeferson e Derick, embarcamos com o Fabiano, nosso motorista, para conhecer o ótimo mercado publico de Aracaju.
Com destaque para a barraca de temperos da Josi.

As 16h20 chegaram Jair e Mitchi de São Paulo, seguimos rumo ao Sertão.
Parada já tradicional e consolidada no Posto e Pizzaria Barreto em Ribeirópolis, a 86 km de Aracaju, bom atendimento e boa comida sempre nos esperam.
Segundo encontro com a Turma do Samir, que por sugestão nosso fez um pit stop em Ribeirópolis.
Por volta de 9h40 chegamos a Pousada no Centro de Piranhas, que surpreendeu a todos positivamente.

Dia 17/08 – sexta feira
Depois de 3 anos mudamos a programação, nosso destino era o Lago Xingó.
O restaurante Karrankas, era nosso ponto de partida para cruzar os paredões dos Cânions do Talhado.
Um espetacular passeio com o catamaram Patativa do Assaré, nome em homenagem ao Poeta Cearense Antônio Gonçalves da Silva, como era conhecido, falecido em 2002 com 93 anos.

Triste partida, uma de suas poesias que virou canção.
https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/82378/

O catamaram nos deixou na Plataforma, começamos a fazer o que nenhum turista faz, conhecer o Canion do Talhado Nadando!

Foram 1 km ate o Show da Natureza, restaurante no fundo do Canion, eu fui em uma lancha gentilmente cedida pela MF Tur, obrigado seu Mané Foguete!
Depois de 8 viagens aos Canions e a Piranhas, não tive a oportunidade de conhecer.

Pausa para um suco e retorno ao catamaram com as belas imagens dos cânions do talhado entre braçadas e na memória.
Almoço no Karrancas, um buffe gigante, proporcional ao tamanho do restaurante que recebe ate 800 pessoas por vez,
sem contar com o atendimento e o sorriso do amigo Anselmo.
Quando alguém for no Karrancas, melhor não ver as sobremesas…

Viajando, a qualquer momento somos apresentados a historias, esse foi especial.
Vou preservar a identidade do contador, porque não pedi autorização para contar.
Um menino negro, família humilde de Aracaju, 16 anos, “fez mal” para uma menina branca, 14 anos.
Palavras dele:
– A família dela queria me matar, diziam, vamos matar o nego!
pensando bem, melhor não, se “nós matar ele “  vamos ter que criar esse criança, e vai crescer sem pai.
Deixa o nego, ele é forte, ele vai trabalhar e sustentar nossa Irmã e a criança.
O tempo passa…

O referido chefe de família de 16 anos, hoje tem uma bela família, o filho tem 19 anos,
eles tem mais uma menina de 1 ano e meio, formam todos uma bela família, para orgulho e agradecimentos dos envergonhados cunhados…

Retornamos ao centro de Piranhas, após cruzar a divisa do estado, são 15 km desde o município de Canindé do São Francisco, cidade da margem Sergipana.

As 19 horas congresso técnico, como aconteceu nos anos anteriores, o maior temor era cair no remanso, a parte mais calma do rio.
Acredito ter tranqüilizado os mais apavorados!!!
Uma palestra rápida sobre nossa viagem para Escandinávia, finalizou a programação.
O centro de Piranhas já agitado, com musicas calmas, MPB.

Dia 18/08 – sábado – TRAVESSIA VOLANTE – LAMPIÃO (Maratona Aquática entre Piranhas e Entre Montes)
Chegou o grande dia, Porto de Piranhas, depois de ser uma referencia de navegação, com linhas regulares ate Penedo,
recebendo inclusive corvetas da marinha, como relatou seu Celso, agora, as estrelas são outras.
Nadadores dos estados de Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, alem de um Frances e uma Argentina,
se preparavam para descer e contemplar as belas águas do mais importante rio brasileiro, o Velho Chico, como é carinhosamente chamado por todos, o Rio São Francisco.
O Velho Chico trás água, alimento, alegria para 510 municípios do Brasil.
Desde 2015, trás a tropa natatória para realização pessoal, nadar, sonhar, curtir, o mais belo dos seus 2830 km, desde a nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais, até
a foz em Piaçabuçu (única palavra na língua portuguesa com dois cês-cedilhas) Alagoas, divisa com Sergipe.

Vão chegando os barqueiros de Entremontes, aos montes, eles serão os guardiões dos nadadores, todos guardados e protegidos pelo velho Chico.
Aos poucos os nadadores vão sendo apresentados aos barqueiros, com destaque para os apelidos……..
Nidevaldo, Lingny, Seu Porão, Dadá, Loro Barrichelo, Fafá, Nidevaldo, Lingny, Seu Porão, Dadá, Loro Barrichelo, Fafá, Izaias de osmar, Jordel, Lasinho, Lasinho, Lelevan, Fininho.

Perto das 8 horas da manha do dia 18 de agosto de 2018, toca a sirene do meu megafone, apelidado carinhosamente de “gemidão do whatzap”…
A procissão das águas, “natarória e barcatória” em homenagem a vida, as forças, ao mecanismo que rege a harmonia do universo das boas ações, das boas energias.
Após poucos metros de água, aparente parada, começa as primeiras descidas.

Os estreitamentos das pedras, fazem o acelerar do rio, acelerar na medida certa, 3,5 graus antes do redemoinho.
Bolhas brotam da passagem da água pelas pedras do fundo.
O brilho do sol, ainda com inclinação, rebate e mistura com os sorrisos de satisfação por tamanho sentimento e emoção dos nadadores.

Chega o 3 km, logo depois da casinha branca, na margem sergipana, dos 10 “descedores” de rio que se propuseram a nadar 3 km, somente 5 deles passaram na chegada.
Quer dizer que os outros 5 se empolgaram!!!
Um deles, eu passei na hora da chegada, eu falei, volta pro rio, segue reto toda vida!!!
Somente uma pessoa, ficou nos 3km, pena eu não estar ali pra “empurra-la”, mas, 3 km era seu objetivo, volta querida, volta pra dobrar tua meta ano que vem…
O amigo Claudio, com proposta de nadar 6 km, queria parar no 3 o “danado”, o barqueiro dele, sem querer “tocou dereto”, quando ele viu já estava no 3,5 km.
Parou no 4,5 km, deu “azar”, eu estava passando na hora, foi até o 6 km!!
Como acontece na Travessia do Bósforo na Turquia, o fio de alta tensão marca o meio da prova, os 6 km
É lindo ver a convenção dos “seisistas” na praia no meio das escarpas da Caatinga!
Se vão os 7, 8, 9, 10, 11 e a triunfal chegada em Entremontes.
A pequena comunidade se prepara para receber os nadadores, as bordadeiras mostram sua arte na beira do rio, Marlene recebe a todos com seu sorriso.
O Isaac, nosso parceiro, faz a lista dos barqueiros, nada, bate escanteio e corre pra cabecear!
Bill, nosso cronometrista de Recife, Iasmin Rodrigues nossa anotadora de Piranhas, Derik de Florianpópolis, Celina de Piranhas,
Jeferson de Governador Celso Ramos, Santa Catarina, faziam nossa equipe afinada!!!
Uma comunidade pequena, pobre, sem recurso, mas com uma qualidade de vida espetacular!
A Travessia é o terceiro evento esportivo mais importante da comunidade, só perde para o torneio de sinuca que vale um carneiro preto como premio, que alias eu e a Léia já participamos, claro, perdemos na primeira rodada, e a Jegada, um festival do jegue de Entremontes.(risos)
Se o critério for trazer dividas e visitantes de outros estados, a Travessia é a numero um, foi injetada na economia de Entremontes, aproximadamente R$ 10.000,00, isso é equivalente a mais de milhão de reais em uma cidade grande.

Em 2016, mestre Samir Barel, cumpriu sua função de mestre, nadou com seus pupilos, esse ano, ele desceu a lenha na água de 25,5 graus do Velho Chico, foi quem menos!!
Foi muito mais rápido do que ir de jegue pela estrada.
Ele tava lá, o pai fresco, parece que ano que vem o Benicio já estréia!!!!
Por outro lado, o Marcio de Recife e a Tania de João pessoa, foram quem mais nadaram, mais curtiram “azagua”.

Aqui o percurso da Luciana
https://www.relive.cc/view/g23833665404?r=wa

Final, final, valeu a pena, sou pescador de ilusões!!!
https://www.youtube.com/watch?v=qzgU-KdNBcY

Deixamos Entremontes, mais alegre a mais rica, em todos os sentidos, doações vão chegar por La, alimentos e livros infantis do atleta …..

Antes de Piranhas, tínhamos ainda uma parada especial no Restaurante Angicos, bem ali, pertinho do inicio da Trilha que leva a Grota do Angico, lugar onde acabou o cangaço!!!
As balas perdidas, ainda podem ser achadas e escutadas, a mãe da Raquel, foi achada, perdida em 2016, se perdeu do Bando de Angicos, foi parar no Bando Eco…
O Bando das “campina” sempre perde alguém, dessa vez uma cangaceira portenha, o remador, com medo do bando de lampião, a deixou no lugar errado…
A excelente comida regional, redes, tobogam e a alegria da Família Rodrigues, comando firme do jovem Henrique, nos recebem muito bem a  4 anos!
Comandante Célio, pilotando o Catamaram São Francisco, nos conduziu magistralmente, pela contra corrente do Velho Chico.
Todos puderam ver por onde nadaram, inclusive o remanso do Sinundu…..

O encontro era na frente da prefeitura, mesmo local onde foram expostas as cabeças do bando de Lampião.
A Volante (grupo de Policiais) tinha que provar a morte deles, porque tinha uma recompensa, as canoas eram muito pequenas, não caberiam os corpos,
solução rápida e eficiente, trazer somente as cabeças.
Dessa vez as mesmas canoas, levaram parentes, amigos, suplementos e força aos nadadores.
Trouxeram todos bem inteiros, ou melhor, maiores, mais fortes, mais felizes, mais realizados!!!

As 19h, começaram a chegar, mesmo tendo que subir a ladeira, felizes!!!
Ninguém sabia o que aconteceria, segredo.

A hora que a Filarmonica Mestre Elisio, comandada brilhantemente pelo maestro Wilame chegou na praça , alguns desconfiaram.
Sim, chegou a hora, descer as históricas ladeiras de Piranhas ao som de belas musicas, um sonho!!!
Entramos na praça, cheia de visitantes, ao som do Tema da Vitoria.

Nadadores e Banda posicionados, escutamos mais belas musicas e iniciamos a premiação.
cada um ganhou um troféu com “chocaio” de bode, usados como na Suiça, para os animais não se perderem.

A noite de Piranhas ferve no sábado, invadida por muitos, inclusive pelo novo bando de lampião, dessa vez,
bacamartes com festim, anunciam a chegada da alegria, virou folclore, virou festa!!!
Todo o bando faz um show de Xaxádo e dança forró com quem esta na praça!
Penúltimo ato!!!

Dia 19/08 – domingo – Treino Inter Estados
Eu marquei, e não é que apareceram muitos nadadores!
Um treino, de 150 metros nadar de Alagoas para Sergipe, volta mais 150 de Sergipe para Alagoas, tive oportunidade de dar uma mini aula de natação.
Quem fez 12 km não teve oportunidade de atravessar para outro estado, somente quem fez 3 e 6 km.
Os Bombeiros autorizaram porque estávamos sós no porto, a preocupação deles era que, pessoas nos vissem e acharam que também tinham condição de atravessar.
Até quem achava que não conseguiria, Vitor do Rio de Janeiro e Liliana de São Paulo, ambos acompanhantes, foram e voltaram.

Liliana disse que é a primeira vez que vem com uma amiga acompanhar uma Travessia, ela perguntou se era sempre assim, o clima, as pessoas, troféu, banda…
Bom, ela veio na melhor e mais bela Travessia do …..

O bando do “Samirpião”, fez uma grande doação de alimentos e muitos exemplares do livro infantil, Alvaro a Arvore, no escritor e nadador Marcelo Gianesi.
Assism que as doações chegarem ao destino, nós publicaremos.

Fim do 4º Festival o Sertão Vai Virar Mar, foi talvez nosso evento em 20 anos, com um resultado 100%, ou perto disso!
OBRIGADO AOS QUE ACREDITARAM!!!!

Como eu disse, esse seria o ultimo, mas a pressão esta grandeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!! Eu gostcho!!!

Nós saímos de Piranhas, não sentido Sergipe, mas sentido Alagoas, o destino era, Olho dagua do Casado, uma pequena cidade a 18km de Piranhas.
Nos perdemos na metrópole, perguntamos para um senhor na rua, onde era a casa da Claudia ele disse que não sabia explicar, mas sabia onde era, nos levou até
lá de moto.
Claudia e sua filha e amigas, que estava ajudando, nos receberam muito bem, duas crianças amigas da família, que estavam na casa, chamaram atenção pela beleza,
pele morena, bem morena, cabelos, crespos claros, olhos azuis, será que vestígio de uma herança holandesa…?
Começa a descer o banquete, galinha caipira ensopada, saladas, feijão tropeiro, quiabo refogado, maionese, sucos e o carro chefe, vaca atolada.
Ela tinha feito para a sobremesa, pudim de leite, torta de abacaxi, que ela comentou que não tinha dado certo, fez também de banana, como eu gosto de bolos que não dão certo,
pedi que a torta de abacaxi também viesse a mesa, estava espetáculo igual!!!
Bom, ela contou como tudo aconteceu, a novela o programa, podem ver aqui no vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=2xVnNloSapU

O que mais me marcou, foi, mesmo com uma situação tão e absolutamente desfavorável, ela nunca perdeu a fé, no caso dela era em Nossa Senhora Aparecida.
Essa fé, removeu uma novela, do Rio de Janeiro, para perto da casa dela!
A arte dela de cozinhar, alimentar as pessoas, conduziu para o sonho se uma vida melhor para a família, essa missão veio através do programa no Luciano Hulk.

Descobrimos o que Jaque e Léia vieram fazer em Olho Dagua.
Obrigado por nos terem conduzido até mais essa parada obrigatória na vida!!!

Claudia, obrigado pela comida, mas, principalmente pela lição, de nunca parar de sonhar e sempre ter fé(religião ou não)!
ACREDITE NAQUEILO QUE VOCE ACREDITA!!!!!

Agora sim voltando, passando a ponte, Canindé, Ribeirópolis, Posto Barreto, orla de Aracaju.
Fabiano nos deixou no Restaurante Mangará, sim roteiro gastronômico também!!
Na volta a despedida no hotel, todos unânimes, a viagem foi mais que eles esperavam!!!

Jair, Mitchi, Rosi, Claudio, Luciana, Ana, Renata, Jeferson, Derik, Léia.
Eu agradeço a todos pela confiança e por acreditarem em “minhas viagens”

PRONTO!!! ESSE GRUPO FOI MASSA!!

Em 400 dias vamos para as Maldivas, PRONTO!!!
http://travessias.com/travessias-pelo-mundo/item/398-outubro-2018

ACREDITA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um abraço

Marcos Pinheiro